quinta-feira, março 23

O Túnel.

Acabei de ler O Túnel, de Ernesto Sábato.

O curioso é que a edição que tenho está em Português lusitano, mesmo sendo uma publicação da “Livros do Brasil” (o autor, mind you, é argentino). E o mais legal é que há uma advertência, no verso da segunda página, proibindo a circulação do livro no território da República Federativa do Brasil (e eu - denúncia! denúncia! - comprei o meu volume na Cultura, olha aqui ).

Isso à parte, é um livro besta, que só não é mais besta porque tem assassinato. Fora isso, é livro que fala de amor e de séquiço a sério, como gente adulta, que leva esses temas, e a si própria, a sério.

É isso: um livro adulto e, por isso mesmo (ops, desviei de um ipso facto que vinha em minha direção), imaturo.

Mas leia, leia.

terça-feira, março 21

Ma che...

Você é capaz de negar ao seu filho um sanduíche (sanduíche, caramba; lanche é outra coisa) do McDonald’s? E quando ele tem um chilique, se joga no chão, diz que te odeia, consegue negar ainda assim? E, pior: quando ele se comportou direitinho e acha que merece um prêmio? Nega?

Não? Então pare de ler aqui, porque eu vou ofender.

Se você continuou a ler, é porque é pessoa madura e equilibrada, capaz de resistir à força do McDonald’s. Mas, se você for capaz de resistir só porque assistiu Supersize Me e gostou (e diz para os filhinhos, com uma melancolia andrógina “não, filho, porque engorda, faz mal”) então também pare de ler agora, porque também vou ofender.

Agora que só sobrei eu, vou falar sozinho.

Deus, como somos imbecis. Que país de imbecis.

A Procuradoria da República e o McDonald’s fizeram um termo de ajuste de conduta para que este passe a vender os brinquedinhos que vêm com o máquilanche-filiz, sem que o cidadão tenha que comprar o lanche (aí é lanche mesmo, porque não é só o sanduíche).

Meu-Deus-do-Céu. Sem contar a bissoluta falta do que fazer, será que ninguém – nem o McDonald’s – percebe que o McDonald’s é lanchonete, não é lojinha de brinquedo? Será que somos tão imbecis a ponto de não perceber que o brinquedinho é marketing, é malho? Será que ninguém é capaz de entender que você só ganha a porra do brinquedinho, se comprar a porra do máquilanche-filiz?

Ou será função constitucional da Procuradoria Federal evitar chiliques de criancinhas na porta do McDonald’s?

Ah, mas o Código de Defesa do Consumidor impede que a venda de uma coisa dependa da venda de outra coisa. Ora dane-se o Código de Defesa do Consumidor. Não sabe ler, não?
Quer o brinquedinho? Compre o máquilanche-filiz. Não quer comprar o máquilanche-filiz? Fique sem o brinquedinho. Ninguém vai morrer por causa disso.

Um país como este se faz com imbecis e liminares.
(Ah, as ofensas, quase esqueci: negue alguma coisa para os filhos, seu pamonha. Exerça seu pátrio poder com arbitrariedade, ao menos de vez em quando. Diga “não”, e ponto. Você sabe o porquê, e é o bastante; não precisa ficar se explicando. Famílias não são uma democracia. Seus filhos precisam ter alguma coisa para aporrinhá-los, precisam se rebelar. Por que não contra você? Se quer que todos te amem, compre uma fantasia do Barney e saia rebolando, por aí. Pamonha.)

sexta-feira, março 17

Zarolho.

Terminei o Zarolho, está todo aí, abaixo. Mudei um pouco o texto. Não pensem que escrevo tudo e depois fico fazendo suspense, publicando aos pouquinhos, velho golpe para ganhar audiência. Não: escrevo o começo e já ponho no ar, obrigando-me a seguir, depois. É para isso que tem servido este blogue - que fez um ano já, vejam só - fazer com que eu me obrigue a fazer o que eu gosto, de vez em quando.
A estória do zarolho é toda inventada. Qualquer semelhança com a realidade é azar.
Comentários, seja qual for o tom, são bem-vindos. Para isso, afinal, é que se escreve num blogue.
1.
Era um juiz zarolho, mas não nasceu assim: seus olhos foram se afastando, um do outro, com o passar do tempo, como se um quisesse andar reto, e o outro insistisse em desviar-se do caminho.

No começo, o desvio era ligeiro, quase imperceptível. Ele até achava um pouco charmoso, quando treinava, no espelho, um malicioso olhar de baixo para cima.
Mas, com o tempo, foi ficando genuinamente zarolho, suas duas pupilas se repelindo a cada dia e esbugalhando os globos oculares, a ponto de perguntarem, os mais íntimos, se ele tinha alguma doença cardíaca (há quem acredite que doenças cardíacas esbugalham os olhos). Sua saúde, no entanto, era perfeita, não fosse estar ligeiramente acima do peso – o que, com o seu metro e noventa, não era sequer um problema estético.
Nem sua visão piorou: tinha miopia e astigmatismo desde pequeno, e os graus de uma e de outro não aumentaram fora do esperado (afinal, passava os dias lendo processos, e suas vistas deviam, mesmo sofrer alguma conseqüência).

A zarolhice o incomodava mais que tudo: odiava as piadinhas (um olho no peixe, outro no gato; quando pede a uma moça para dançar, saem duas etc.), odiava os que não conseguiam olhar para ele, nas audiências. E odiava a cara apatetada que acabou adquirindo – embora fosse casado com a mesma mulher havia mais de dez anos, era muito vaidoso, gostava de insinuar-se para as advogadas, estagiárias e funcionárias que freqüentavam a sua sala. Zarolho, sentia-se ridículo.
Tentou de tudo: seu clínico geral, os três oftalmologistas e um cardiologista (que consultou, porque, afinal, nunca se sabe, vox popoli...) não souberam dizer a causa do esbugalhamento e do enzarolhamento dos seus olhos, menos ainda indicaram alguma possibilidade de cura. Não havia casos similares em sua genealogia, nem qualquer causa física aparente. Fez exames de toda espécie, que não acusaram absolutamente nada de errado. Um oculista chegou a recomendar óculos escuros, como única solução.
Embora fosse católico (rezava à noite, e tinha até um crucifixo, na sala de audiências), procurou mesas-brancas e pais-de-santos. Fez simpatias, rezas; tomou bênçãos e passes. Usou guias, arruda, figas. Plantou espada-de-são-jorge, comprou pimenteiras, usou sal grosso. Tudo em vão. Nem tratamento homeopático, que tentou por meses e meses, tomando as bolinhas sem faltar, deu resultado: continuava cada vez mais zarolho, cada vez mais esbugalhado.
E ele estava certo de uma coisa - era só essa estapafúrdia zarolhice que o impedia de ascender ao Tribunal: era o juiz mais antigo da primeira instância, seus processos estavam em dia, tinha pouquíssimas representações contra si e julgava cada processo com cuidado. Só permitia a estagiários e escreventes ambiciosos que fizessem os relatórios das sentenças: as decisões, a fundamentação e a parte dispositiva, ao menos, ele mesmo as redigia.
Além do mais, sua família tinha tradição na magistratura paulista. Seu pai e dois de seus tios tinham sido desembargadores. Um deles, honra da família, chegou a ministro do Supremo (mas só ocupou o cargo por alguns meses, aposentando-se, em seguida, com o salário de ministro). Enfim, tendo estirpe, não sendo incompetente, nem desonesto, só podia culpar a zarolhice pela sua longa estagnação na primeira instância. E a culpava, pois.

2.
Numa reunião semanal, que alguns juízes estavam se habituando a fazer num restaurante bacaninha, ouviu de um desembargador um pedido nada inusitado: o caso assim-assim, por favor, veja lá, dê uma olhada com carinho: “a autora é viúva, minha cunhada, não tem quem olhe por ela. E depende dessa ação para tocar a vidinha, sabe como é. Não quero nada demais, só que examine com calma o processo e, se achar que não dá, me avise”. Respondeu como sempre respondia a essas solicitações familiares: “claro, claro, não se preocupe, não nego nada a quem tem razão”.
Tinha uma tática definida, para esses casos: apressava a decisão, mas, fora isso, julgava conforme suas próprias convicções. Se achasse que o solicitante tinha razão, não a negava e, antes de divulgar a sentença, ligava, avisava que atenderia ao pedido (às vezes até fazia um charminho, brincando com um ou outro argumento mais frágil do solicitante) e nunca pedia nada. Se dessem, bem; se não, outras vezes haveria, e a estória haveria de ser outra.
Já nos raros casos em que achava que o solicitante não tinha razão, sentenciava, registrava a sentença e, no dia em que devolveria o processo ao Cartório, ligava para o solicitante, lamentando não poder atender ao pedido, porque suas convicções estavam do outro lado. Se não angariava simpatias, com isso, ao menos o solicitante passava a vê-lo com um misto de raiva e respeito, que não lhe era de todo desagradável.
Mas foi, então, ver o caso do novo pedidinho.

3.
Não era um casinho à toa, não senhor. Era uma reintegração de posse de uma área enorme, que estava invadida por barracos de favela, na zona sul da cidade. Perto de shopping e, veja só, praticamente vizinha à Rede Globo. A peça inicial tinha sido distribuída poucos dias antes, e pedia a liminar entrega da posse à autora, senhora de setenta e poucos anos e que, por isso mesmo, reclamava andamento processual acelerado.
Ele não tinha sequer lido a inicial. O carimbo revelava que tinha sido distribuída depois das seis da tarde e o advogado que a levou, não o tendo encontrado (saía sempre perto das seis), despachou com o juiz auxiliar que, já sabendo como trabalhava o seu titular, meteu um “J. conclusos, com urgência.”, para que o processo fosse ao colega zarolho, um pouco mais rápido.

Examinou um mapa, que a requerente apresentou: ela queria, nada mais, nada menos, que um terço da imensa favela. “Tocar a vidinha o cacete” – pensou. “Uma área dessas deve valer mais que dez, doze milhões. E o cunhadão, safado, de olho no espólio da viúva...”.

Além do mapa, tinha escritura, tinha certidão da matrícula, tinha pagamento de carnês de IPTU, tinha fotografias, tudo. “Uma liminar fácil”, pensou. “Mas não vou conceder, não”.

Fechou os olhos esquinados, enquanto pensava. Reclinou a cadeira e trançou os dedos sobre a gravata Dormeuil. (Se alguém entrasse na sala de audiências, aquela hora, poderia perceber que as pálpebras revelavam globos mais saltados que o normal: ele não deixava de ser zarolho, nem com os olhos fechados).

Primeiro, tinha a questão social: sabe-se lá quantas famílias de excluídos vivem naquela área, hoje? Injusto desalojá-los assim, jogando-os na rua. Teria que conversar, antes, com a Prefeitura, com a Polícia Militar. Talvez até com o governador. E tudo por conta de um título de propriedade de mais de cento e vinte anos, em favor da família quatrocentona da velhota. Não, não.

Depois, era uma grana razoável, caramba. Só os advogados iam beliscar, por baixo, um milhão! E ele, que daria a cara a tapa, metendo o jamegão na liminar, o que ganhava? O que ganhava por expor-se à imprensa e, quem sabe, até à fúria dos favelados? Nada!

Não, definitivamente negaria a liminar. Talvez até julgasse extinto o processo logo de cara: era só achar uma razão formal qualquer, para não ter que entrar no mérito e, voilá, mãos limpas; processo resolvido – e ninguém receberia honorários. A única coisa era que... bem, doía deixar passar a oportunidade.


4.
Na hora do cafezinho, um colega, mal falado pelos seus trejeitos ligeiramente efeminados, afastou-se da mesa, cujos pequenos e dourados croissants atraíam os juízes como moscas, e chamou o zarolho com o olhar, querendo dizer-lhe algo.

Hesitou, porque não gostava de ser visto perto do bichinha. Mas o outro insistia, agora com um arquear de sobrancelhas e um arregalar olhos que passavam um pouco dos limites da virilidade média. Aproximou-se.

- Olha, eu imagino que você não goste de falar no assunto, mas meu sogro tinha um problema na vista igual ao seu.

- Ora, que... queísso... Gaguejou, surpreso: primeiro, pelo bichinha ter um sogro – era casado mesmo, então? Depois, por ele ter sido tão direto num assunto que ninguém ousava sequer mencionar, na frente dele.

- Não, não diga nada, não. Eu entendo. (Tirou um cartãozinho do bolso do paletó). Esse aqui é o médico do meu sogro, ortomolecular. Resolveu o problema em pouco mais de um ano.

- Ortomolecular? Repetiu, sem saber o que pensar.

- É. Esse desencontro dos olhos, segundo o médico do meu sogro, é resultado de um desequilíbrio químico. Depois de uns exames, o médico descobre do que o teu organismo está carente e supre a falta, com vitaminas, minerais, essas coisas. Os olhos, com o tempo, voltam para o lugar.

- Ah, tá, obrigado, obrigado. E metendo o cartãozinho no bolso: - Vou pegar um café, quer?

- ‘Brigado, já tomei.

Aliviado, o zarolho voltou para o grupo dos homens. “Ortomolecular o cacete”, pensou. Mas, no dia seguinte, pediu à assistente de sala para marcar a consulta. Nunca se sabe, nunca se sabe.

5.
Tempos depois, contrariando a sua idéia inicial, e já incomodado pela própria demora em analisar a liminar, decidiu chamar o ex-desembargador, que pedira o “favorzinho”, para conversar. O velho não quis ir ao Fórum: fez questão de levá-lo ao Piselli, pedir um bourgogne para acompanhar o pappardelle alla moda pentagna, e dois cálices de sauternes, para arrematar.

O velho pagou a conta, confiando apenas na palavra do zarolho, que prometia a solução a ideal. Ninguém, senão ele, poderia tê-la imaginado. E ninguém, senão ele, poderia colocá-la em prática.

O preço? Foi gentil: vinte por cento do valor recebido, no final. Ad exitum, como dizem os advogados. Exigiu adiantados, apenas, cem mil dólares, numa conta estrangeira, que o seu doleiro indicaria para o velho. Confirmado o depósito, daria os detalhes.

A idéia fora concebida no banheiro, enquanto, mirando-se no espelho, tirava, com uma pinça da mulher, os pêlos mais salientes do nariz.

Do nada, teve a idéia. Era ousada, mas funcionaria: concederia a liminar, sob a condição de que não fosse cumprida para valer. Os advogados da velhinha, proprietária do favelão, tentariam executar, chamariam a polícia, convocariam a imprensa. Podiam até combinar antes com os moradores, com alguma associação de moradores, o que fosse.

Tinham que fingir que não havia meio de reintegrar a velhota na posse do terreno. Umas mulheres chorando, umas crianças com ar de desamparo, quem sabe umas bombas de efeito moral. Não era difícil de arranjar – aliás, era até provável que acontecesse assim mesmo, naturalmente. No fim, apareceria alguém de alguma Pastoral, ou de alguma ONG, ou de algum movimento social. Alguém poderia deitar-se à frente de um carro da polícia ou, melhor: alguém poderia sofrer alguma escoriação, preferencialmente com algum sangramento no couro cabeludo, na orelha, onde ficasse bem visível. O juiz conversaria com os oficiais de justiça, para acertar o conteúdo da certidão: a retomada do terreno era impossível.

Depois, transformariam a reintegração em desapropriação indireta, movida contra o Estado - afinal, o governo tem que prover a moradia dos excluídos, mas também há de garantir o direito de propriedade dos incluídos, caramba. Logo, se um sacrossanto direito não podia se concretizar, sem afetar o outro, cabia ao Estado pagar a conta, indenizar.

O favelão seria desapropriado, e todos ficariam felizes: a velhota teria uma vitória moral; o desembargador poderia controlar o andamento da desapropriação, conversar com os peritos avaliadores para darem “valor de mercado” ao imóvel e, se precisasse de dinheiro rápido, podia vender o crédito contra o Estado, com um desagiozinho, para empresas que devem impostos, para compensarem. “Eu posso até indicar algumas”, sorriu para a sua imagem no espelho. “Com um modesto finder’s fee, claro”.

Enfim, os favelados continuariam onde estavam e quem pagaria a conta seriam os contribuintes. Os mais ricos, no final, pagariam a conta dos mais pobres. “Justiça social”, convenceu-se, orgulhoso.

Olhando-se assim, de perto, no espelho, surpreendeu-se (seria a medicina ortomolecular, já fazendo efeito?): seus olhos dezarolhavam-se.

quinta-feira, março 9

Q.I.A.D.

Sobre livros infantis, já falei aí embaixo.

Mas agora, inspirado pelo Arranhaponte, do dialético Torre de Marfim, e pelo Oscar que recém-não-vi, ouso atacar o cinema infantil.

Minha filha, de cinco anos, não gosta de ir ao cinema: “fica aquele monte de gente, de cabeça atrapalhando”. Prefere o home-theater e a pipoca que eu faço – que leva azeite no começo, e manteiga Viação derretida, no final.

Por isso, tenho uma fieira de devedês, e já decorei falas e falas do Procurando Nemo (tanto que às vezes tenho dificuldade em evitar expressões em balêes, nas minhas conversas); sei cantar a trilha sonora do Tarzan imitando o Ed Motta; e poderia desenhar de cabeça o story-board do Stewart Little (isso, se soubesse desenhar, claro).

De tanto ver esses desenhos, desenvolvi um critério que permite classificar a obra infantil em seus diversos níveis de chatice: trata-se do QIAD – Quociente de Imposição de Aceitação Diferenças. Nenhum filme ou desenho infantil parece estar livre dessa moda, que é mostrar a todos uma absoluta novidade: somos diferentes, uns dos outros, e devemos nos aceitar, sejam quais forem nossas diferenças. E não podemos ficar por aí tirando sarro de gordinhos, baixinhos, chinesinhos, italianinhos, judeuzinhos, pretinhos, quatro-olhinos, narigudinhos, gueizinhos, mulherinhas, nerdinhos, mariquinhas. Muito feio, isso. Tut-tut.

Os filmes com alto QIAD são, pelo menos, honestos: tratam todos, indistintamente, como se fossem retardadinhos. Por isso, quanto mais alto o QIAD, maior a chatice.

O campeão absoluto de QIAD é o Espanta Tubarões, que retrata a melancólica vida de um travesti bobalhão, que tem que ser aceito por seu pai chauvinista. É como se o Poderoso Chefão fosse filmado pelo Almodóvar.

O Deu Zebra vem em segundo lugar, atingindo altíssimo teor de QIAD, ao tentar convencer o mundo que zebras são tão rápidas quanto cavalos ingleses de puro sangue - mesmo que estes tenham pernas duas vezes maiores e sejam treinados, a vida inteira, para correr. Lembra, sei lá por quê, aquele velho filme inspirado nos jamaicanos que foram correr de bob-sled numa olimpíada de inverno – só que é bem mais chato. E, para completar, tem o Matheus Nachtergaele e o João Gordo fazendo – há papel mais baixo? – as vozes das moscas no cocô do cavalo do bandido.

Aliás, não vejo a hora do cinema nacional, além do Didi e da Xuxa, dedicar-se à área. Mal posso esperar pelo Paulo César Pereio dublando o saci-pererê numa original aventura amazônica, contra os exploradores gringos. De entremeio o saci, buscando atingir o QIAD sem perder o bom humor nativo, pensaria, voz em off, “ser humano é quem nem caminhão de japoneis, porra”.