Escrete.
Há algum tempo levei ao ar a minha escalação do time ideal da literatura braso-portuguesa, prometendo a seleção do Resto do Mundo para depois. E eis que depois chegou agora: animado pela Copa do Mundo (que, a exemplo do PCC, propiciará momentos de trânsito caótico e dias de preguiça físico-mental justificável) lanço o time que enfrentará os lusófonos - inclusive por ódio desse epíteto desastroso.
No gol, não tem para ninguém – Shakespeare. Qualidades literárias à parte, sua careca lembra o Waldir Peres e certamente dará segurança à zaga, que não fala a mesma língua. Na lateral direita, assustando o ponta adversário com a sua jogada do pêndulo, Edgar Allan Poe. A zaga – diferente da canarinha – tem que ser sólida, compacta, indiscutível: Dante e Cervantes. Apesar da fama, pouca gente enfrenta essa dupla, de verdade. Na lateral esquerda Dostoievsky – pode até fazer papel de idiota, mas não há ponta direita que resista aos seus golpes de culpa. No meio, Hemingway: nessa posição é preciso ser meio truculento, mas sem perder a criatividade (o ruim é que, de quando em quando, passa uns períodos meio salao, e não pesca nada – sem contar o risco de perder um homem no meio do jogo. Mas, enfim),
Na ponta direita, Chesterton. Dirão que não tem lá o melhor dos estilos – mas é brigador e faz lançamentos como ninguém. Na meia direita, o primeiro latino-americano, Vargas-Llosa: embora já tenha jogado pela esquerda, firmou-se na posição e é um dos melhores da nova geração. O centroavante tem que ser argentino – e não tem para ninguém: é Borges, na cabeça. Não precisa nem enxergar a bola, para ser o melhor - sozinho, Borges domina a área. Com a camisa dez, Wodehouse que, com Jeeves, serve melhor que ninguém. É o futebol-moleque, o Robinho da Literatura Anglo-saxônica. “Pedala, Pi-djêi”, diria aquele asno (como é mesmo? Neves something). Na ponta-esquerda, Montalbán – tem a receita certa para os momentos em que o jogo da direita fica duro demais (se bem que é fácil jogar na ponta-esquerda quando se vive em Barcelona, mas, enfim).
No gol, não tem para ninguém – Shakespeare. Qualidades literárias à parte, sua careca lembra o Waldir Peres e certamente dará segurança à zaga, que não fala a mesma língua. Na lateral direita, assustando o ponta adversário com a sua jogada do pêndulo, Edgar Allan Poe. A zaga – diferente da canarinha – tem que ser sólida, compacta, indiscutível: Dante e Cervantes. Apesar da fama, pouca gente enfrenta essa dupla, de verdade. Na lateral esquerda Dostoievsky – pode até fazer papel de idiota, mas não há ponta direita que resista aos seus golpes de culpa. No meio, Hemingway: nessa posição é preciso ser meio truculento, mas sem perder a criatividade (o ruim é que, de quando em quando, passa uns períodos meio salao, e não pesca nada – sem contar o risco de perder um homem no meio do jogo. Mas, enfim),
Na ponta direita, Chesterton. Dirão que não tem lá o melhor dos estilos – mas é brigador e faz lançamentos como ninguém. Na meia direita, o primeiro latino-americano, Vargas-Llosa: embora já tenha jogado pela esquerda, firmou-se na posição e é um dos melhores da nova geração. O centroavante tem que ser argentino – e não tem para ninguém: é Borges, na cabeça. Não precisa nem enxergar a bola, para ser o melhor - sozinho, Borges domina a área. Com a camisa dez, Wodehouse que, com Jeeves, serve melhor que ninguém. É o futebol-moleque, o Robinho da Literatura Anglo-saxônica. “Pedala, Pi-djêi”, diria aquele asno (como é mesmo? Neves something). Na ponta-esquerda, Montalbán – tem a receita certa para os momentos em que o jogo da direita fica duro demais (se bem que é fácil jogar na ponta-esquerda quando se vive em Barcelona, mas, enfim).
No banco, para horrorizar o time adversário, e surpreendê-lo com lances de mestre, Stephen King. Com um jogo mais delicado, ótimo para quando é preciso fazer o tempo passar devagar, Thomas Mann. E, para prestigiar o futebol-arte, Fitzgerald completa o time e ainda compra os uniformes.
10 Comentários:
Faltou um companheiro para Hemmingway no meio. Sugiro Tolstoi, que tem experiência e grande visão de jogo.
Cacilda, Jorgê, faltou o camisa 8. O Leão é uma boa proposta - mas eu estava de olho era no Huxley: um admirável meia-esquerda.
Aliás, gostaria de ver o seu time: porque não escala um e posta? Podemos transformar isso aqui num même...
Uia.
O meu time dos sonhos jogaria salão.
Ah, Dom Rosseti, és muito seletivo. Mas gostaria de saber a sua escalação.
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Mauro,
Aqui vai a minha seleção. No gol, Camus, até porque o argelino com cara de galã foi goleiro e gostava de futebol. Na lateral direita, Kafka - que prefere ficar plantado na defesa a ficar correndo que nem barata tonta (foi horrível, mas eu não resisti). Como zagueiro central, Shakespeare. Com sua experiência, técnica e versatilidade, é o Domingos da Guia do meu time. Ao seu lado, Thomas Mann, porque um pouco de seriedade germânica combina com o estilo clássico do seu companheiro de zaga. Na lateral esquerda, Fernando Pessoa, um jogador polivalente que pode jogar no meio ou no ataque se for necessário. De volante, Philip Roth, porque é bom ter jogador macho nessa posição, mas é importante que o sujeito também saiba jogar (acho que o Hemingway só atende ao primeiro quesito). Na meia direita, concordo com você: o nome ideal é o Vargas Llosa. Dostoiévski fica com a meia esquerda, embora costume enrolar e carregar a bola demais (ele seria o melhor escritor do mundo se seus livros não fossem tão prolixos, principalmente Irmãos Karamazóv. Que falta faz um revisor). Meu time joga com dois pontas abertos, dois argentinos. Borges é o ponta direita. Acerta cruzamentos sem olhar (plágio da sua tirada, mas era inevitável repetir). Na esquerda, o nome é óbvio: Cortázar. O centroavante é Julian Barnes, jogador inglês técnico e inventivo, que não se limita a fazer gols de cabeça
Um abraço,
Marcos
Graande seleção, Matamoros! O P´ssoa está na minha seleção lusófona, mas as suas personas garantem a polivalência. Só temo que o goleiro fique deprimido...
Boa idéia, Mauro. Vou pensar no meu time.
Jorgê, vou acompanhar!
Cadê Wilde, for Christ sake?
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