Futebol em Primeira Pessoa.
Embaixo do Viaduto do Chá costuma-se reunir a nata dos desabrigados – são os que perderam tudo, de fato. Fundariam, se organizados fossem, o genuíno MST – Movimento dos Sem-Tudo. Com eles, fica uma desfamília de pivetes.
À noite, a fina-flor dos esqueitistas paulistanos - bermudões na linha dos pelos, sem camisa, pulando degraus de esqueite e esparramando maresia – coabitam, com eles, o Vale do Anhangabaú.
E no meio dessa gente desarrumada, passam os bancários, os office-boys, os escreventes, os executivos, as ascensoristas, os advogados, as atendentes de telemarketing, todos.
Ontem, um homem grisalho, baixo e gordinho, atravessava o Vale, falando no celular. De um lançamento muito mal feito, uma bola dos pivetes atravessou-lhe o caminho. Sem tirar o celular da orelha, estendeu o braço esquerdo, mão espalmada e gritou, para o moleque que já começava a correr atrás da bola perdida: “Deixa, que essa bola eu é que vou chutar!”
Deu a volta na pelota e armou a direita que, com o sapato de trabalho, saiu tortíssima. A bola, com boa força, voou na direção de um outro homem de paletó cinza-chumbo, fechado até o último botão, que também atravessava o Buraco do Diabo.
Sem soltar a pasta, o engravatado matei a bola no peito e, de sem-pulo, emendei-a para o menino descamisado, boquiabertíssimo. Ah, o orgulho de ser brasileiro!
À noite, a fina-flor dos esqueitistas paulistanos - bermudões na linha dos pelos, sem camisa, pulando degraus de esqueite e esparramando maresia – coabitam, com eles, o Vale do Anhangabaú.
E no meio dessa gente desarrumada, passam os bancários, os office-boys, os escreventes, os executivos, as ascensoristas, os advogados, as atendentes de telemarketing, todos.
Ontem, um homem grisalho, baixo e gordinho, atravessava o Vale, falando no celular. De um lançamento muito mal feito, uma bola dos pivetes atravessou-lhe o caminho. Sem tirar o celular da orelha, estendeu o braço esquerdo, mão espalmada e gritou, para o moleque que já começava a correr atrás da bola perdida: “Deixa, que essa bola eu é que vou chutar!”
Deu a volta na pelota e armou a direita que, com o sapato de trabalho, saiu tortíssima. A bola, com boa força, voou na direção de um outro homem de paletó cinza-chumbo, fechado até o último botão, que também atravessava o Buraco do Diabo.
Sem soltar a pasta, o engravatado matei a bola no peito e, de sem-pulo, emendei-a para o menino descamisado, boquiabertíssimo. Ah, o orgulho de ser brasileiro!
5 Comentários:
Eu já escolhi pra que time torço.
Sou napoli atéeeeeee morrer.
Opa, faze tempo que não vejo disso.
DGR
Dante -
Faz tempo que não vês o quê?
a) Um blogueiro que usa terno?
b) Um blogueiro que bate um bolão?
c) Um blogueiro paieiro?
Uma cena dessas, Mauro.
:O)
Nem cheirando cola sob o viaduto.
DGR
Mas foi fato - exceto a matada no peito, que o terno tinha voltado do tintureiro na segunda.
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