Macbestha.
No fatídico dia 13, em que nasci, a cândida beleza da minha mãe, a incontornável retidão moral do senhor meu pai e a corada felicidade em que viviam, causavam inveja em todos os habitantes do Principado do Tatuapé.
As mais rancorosas eram as infelizes feiticeiras que viviam ao redor de nosso castelo, o Santa Virgínia.
A da esquerda, que estremecia a cada riso de alegria que lhe chegava aos ouvidos, lançou-me grave feitiço: “O menino que hoje nasce não conseguirá nunca ser otimista, nem cego às circunstâncias. Está condenado a ver e entender as coisas como são. Consciência terás! Anon!”
A do centro, invejosa, mas direta, praguejou: “Serás para sempre um bobão”.
A da direita, ainda mais maldosa que as outras duas, fez seu mal em verso: “Ah, criança invejada, / meu feitiço será mais forte que sezão/ não importa a palavra falada, / sempre terás razão!”
Dizem, contudo – há quem negue – que uma fada benfazeja, ao ver tanta desgraça vaticinada, embora não pudesse com os feitiços, limitou seus efeitos a quatro décadas, prevendo que, nessa segunda infância, tudo seria diferente.
Chega a data cabalística e, pelo jeito, não tinha fada nenhuma, mesmo.
As mais rancorosas eram as infelizes feiticeiras que viviam ao redor de nosso castelo, o Santa Virgínia.
A da esquerda, que estremecia a cada riso de alegria que lhe chegava aos ouvidos, lançou-me grave feitiço: “O menino que hoje nasce não conseguirá nunca ser otimista, nem cego às circunstâncias. Está condenado a ver e entender as coisas como são. Consciência terás! Anon!”
A do centro, invejosa, mas direta, praguejou: “Serás para sempre um bobão”.
A da direita, ainda mais maldosa que as outras duas, fez seu mal em verso: “Ah, criança invejada, / meu feitiço será mais forte que sezão/ não importa a palavra falada, / sempre terás razão!”
Dizem, contudo – há quem negue – que uma fada benfazeja, ao ver tanta desgraça vaticinada, embora não pudesse com os feitiços, limitou seus efeitos a quatro décadas, prevendo que, nessa segunda infância, tudo seria diferente.
Chega a data cabalística e, pelo jeito, não tinha fada nenhuma, mesmo.
6 Comentários:
Acalma-te e espera, nobre castelão,
Que a data determinada não chegou ainda, não!
criança teimosa e cega!
não vês que as fadas tinham razão?
És realista e, mesmo assim,
jamais perdestes a graça de vista.
Se isto é ser bobão,
quem se importa?
Te espero em tua segunda infância,
cabra-cegas seremos,
e o mundo, ele inteirinho,
vai ser feito de ilusão
Convenhamos, Maurô, que você se saiu bem no quesito praga. (E, a título de mimo e consolo, nem todo enta senta, como dizia um ex-bwana). ;-)
Ah, meninas e Dom Filthy, esqueci o pior, o mais negro vaticínio: "Sofrerás alopecia!". Desse, nem a Fada Minoxidyl me salvou.
Cabelos? Será que desaparecem lentamente para liberar as asas do intelecto, das emoções, dando-lhes mais espaço?
Se assim for, vade retro, Fada Minoxidyl!
Todo dia uma bruxa sádica aparece nos meus sonhos. Ela sempre faz um ar de donzela ingênua e pergunta, num falso tom amistoso:
- O que você sentiu quando soube que nasceu no Brasil?
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