Pai também lê.
Li muitas respostas a essa corrente que rodou por aí, perguntando que livro você seria, que livro você levaria para uma ilha deserta etc.. As do Ruy Goiaba causam inveja - para chegar lá, levarei uns dez anos. As do Lord ASS, mais ao meu alcance, tinham alguns já lidos, busquei outros (Wodehouse, meu Deus, como perde quem não o lê! E eu, com licenciatura plena, não tinha lido. Aliás, não me lembro de nenhuma professora de Literatura Inglesa ter passado do Beowulf, do Chaucer e do Shakespeare).
Mas essas listas causaram inveja: para ler o que recomendam, precisa-se de tempo e de concentração. De ambiente.
Tenho dois filhos, de quatro e de dois anos. Não tenho ambiente (e nem quero ter, viu filha, viu filho? papai tá só brincando). E também não tenho tempo: quando não estou suando para pagar as contas da nossa portentosa penthouse, estou com os dois, morrendo de rir. Ou de sono.
Para quem sofre do mesmo mal, descobri a solução perfeita: ler para os pimpolhos, sobretudo antes de dormir. Você não embota (regride alguns anos, é verdade, mas isso até que é bom), eles tomam gosto pela coisa, e a sua biblioteca, de repente, tem outra função: você a monta para que eles a leiam, quando crescerem. Pega um, sei lá, Ivanhoé, e vê seu menino lendo mesmerizado, daqui uns dez anos. Ah, vai ser bom.
Para quem sofre do mesmo mal, dou aqui minhas dicas, testadas com uma menina de quatro anos (well, ela é melhor, muito melhor que a média, but, what the hell, é minha filha...). Vou pular os livrinhos ilustrados que ela leu até os três anos (ué, não tem gente que diz que lê Caras?) – e que hoje já servem de inspiração na hora do trono do menorzinho (ah, os segundos, sempre herdando roupas largas, brinquedos quebrados e livros velhinhos...). Estes, são livros. Livros, mesmo:
Soprinho, de Fernanda Lopes de Almeida. História das antigas (acho que foi o primeiro livro que eu li, de verdade, lá pelos cinco anos), sem a intenção de promover a sua subliminar educação social. Lê-se com tremenda facilidade e os desenhos, bacanas, ajudam muito a fazer a transição das fábulas e das historinhas curtinhas, para livros de verdade.
Reinações de Narizinho, não precisa dizer de quem. Cuidado: a edição atual (só ela está disponível) é horrorosamente descuidada. Vale só pelo texto, até o papel é ruim (ah, tivéssemos uma Library of America…) . E o vocabulário carece de uma certa atualização (afinal, quem está acostumado com as babaquices anasaladas do Bob Sponja, tem dificuldades com o Lobato). Mas vai bem, em doses pequenas. Destaque, claro, para as aparições da Emília.
Sofia, a Desastrada, da Condessa de Ségur. Ótimo. Os capítulos, curtos, são completos e interligados. Uma novelinha tragicômica (aliás, eu sempre achei que a idade mental de quem assiste novelinhas na tevê não passa dos seis anos). Há um pouquinho de crueldade (cortar peixinhos dourados no meio, com uma faquinha; espetar a barriga de um burrico com prego, para ele correr…). Mas as traquinagens têm sempre conseqüências ruinzinhas, ou castigos piores do que os que costumamos dar (ainda posamos de bonzinhos, no final...). A tradução – quase adaptação – é de Herberto Sales, impecável.
Ah, e tem Ou Isto ou Aquilo, da Cecília Meireles. Todas as resenhas usam a palavra lúdico (credincruz, pé-de-pato, mangalô, três vezes), mas é o livro ideal para se tomar gosto por rimas, aliterações, poesia. A das duas velhinhas, Marina e Mariana é uma delícia. E fica ainda mais legalzinha com o vovô Paulo Autran lendo, em CD (que não acompanha o livro, nem vice-versa).
Mas essas listas causaram inveja: para ler o que recomendam, precisa-se de tempo e de concentração. De ambiente.
Tenho dois filhos, de quatro e de dois anos. Não tenho ambiente (e nem quero ter, viu filha, viu filho? papai tá só brincando). E também não tenho tempo: quando não estou suando para pagar as contas da nossa portentosa penthouse, estou com os dois, morrendo de rir. Ou de sono.
Para quem sofre do mesmo mal, descobri a solução perfeita: ler para os pimpolhos, sobretudo antes de dormir. Você não embota (regride alguns anos, é verdade, mas isso até que é bom), eles tomam gosto pela coisa, e a sua biblioteca, de repente, tem outra função: você a monta para que eles a leiam, quando crescerem. Pega um, sei lá, Ivanhoé, e vê seu menino lendo mesmerizado, daqui uns dez anos. Ah, vai ser bom.
Para quem sofre do mesmo mal, dou aqui minhas dicas, testadas com uma menina de quatro anos (well, ela é melhor, muito melhor que a média, but, what the hell, é minha filha...). Vou pular os livrinhos ilustrados que ela leu até os três anos (ué, não tem gente que diz que lê Caras?) – e que hoje já servem de inspiração na hora do trono do menorzinho (ah, os segundos, sempre herdando roupas largas, brinquedos quebrados e livros velhinhos...). Estes, são livros. Livros, mesmo:
Soprinho, de Fernanda Lopes de Almeida. História das antigas (acho que foi o primeiro livro que eu li, de verdade, lá pelos cinco anos), sem a intenção de promover a sua subliminar educação social. Lê-se com tremenda facilidade e os desenhos, bacanas, ajudam muito a fazer a transição das fábulas e das historinhas curtinhas, para livros de verdade.
Reinações de Narizinho, não precisa dizer de quem. Cuidado: a edição atual (só ela está disponível) é horrorosamente descuidada. Vale só pelo texto, até o papel é ruim (ah, tivéssemos uma Library of America…) . E o vocabulário carece de uma certa atualização (afinal, quem está acostumado com as babaquices anasaladas do Bob Sponja, tem dificuldades com o Lobato). Mas vai bem, em doses pequenas. Destaque, claro, para as aparições da Emília.
Sofia, a Desastrada, da Condessa de Ségur. Ótimo. Os capítulos, curtos, são completos e interligados. Uma novelinha tragicômica (aliás, eu sempre achei que a idade mental de quem assiste novelinhas na tevê não passa dos seis anos). Há um pouquinho de crueldade (cortar peixinhos dourados no meio, com uma faquinha; espetar a barriga de um burrico com prego, para ele correr…). Mas as traquinagens têm sempre conseqüências ruinzinhas, ou castigos piores do que os que costumamos dar (ainda posamos de bonzinhos, no final...). A tradução – quase adaptação – é de Herberto Sales, impecável.
Ah, e tem Ou Isto ou Aquilo, da Cecília Meireles. Todas as resenhas usam a palavra lúdico (credincruz, pé-de-pato, mangalô, três vezes), mas é o livro ideal para se tomar gosto por rimas, aliterações, poesia. A das duas velhinhas, Marina e Mariana é uma delícia. E fica ainda mais legalzinha com o vovô Paulo Autran lendo, em CD (que não acompanha o livro, nem vice-versa).
Com esses livros, consegui que minha filha batesse as perninhas no colchão, de pura de emoção, e que enfiasse a cara no travesseiro, não agüentando de expectativa pelo parágrafo seguinte.
Que mais que se quer, desta vida?
4 Comentários:
gostei das dicas.
daqui a uns 10, 12 anos leia meu livro pra eles... beijos caramico
Muito interessante. Serão bons leitores e quem sabe, escritores ;)
Mauro, aqui é o Ruy, comentando como "anônimo". Passei por aqui com atraso, mas digo: sua lista é ótima, seus filhos estão muito bem servidos. Abraço.
Ei, Ruy, que bom.
Ainda vou incluir as Crônicas de Nárnia e alguns do Roald Dahal (Matilda, A Fantástica Fábrica de Chocolate etc.), mas a mais velha tem só quatro anos, ainda é cedo.
De qualquer modo tenha certeza que não toco nada do Agnaldo para eles. Nem a Galeria do Amor, nem nada.
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