sexta-feira, março 11

Sideways.

Tudo é circunstância.

Uma vez, bestamente, me meti a fazer um curso para someliê; achava chique, sei-lá. Mas fiz, confesso. E um dos caras, obviamente italiano, disse o que é definitivo, em vinho: tudo é circunstância.

Você pode dizer que um vinho tem taninos fortes (o que é bem viado de se fazer, aliás); você pode meter seu nariz na taça e descobrir aromas de vanilla, canela, mel, o cacete-a-quatro. Não sem passar por imbecil, você pode até girar a taça, vendo se as lágrimas escorrem depressa ou devagar, se são finas ou grossas, revelando que o vinho tem mais ou menos álcool e como o álcool está nele integrado. Você pode enfim, racionalmente, classificar um vinho (têm até umas tabelinhas, também bastante aviadadas, aliás).

Mas o vinho só é bom, você só gosta do vinho, quando a circunstância é boa: a comida é boa, o clima é bom, a companhia é boa, sua roupa não está apertada, seu estômago está em paz.

Experimente tomar um Romanée-Conti acompanhando um lambari frito, no calor de Ribeirão Preto, junto com um monte de advogados discutindo agravos de instrumento ou mandados se segurança, com as calças um número menor e com gases barulhentos querendo escapulir.
Eu ainda não tive essa experiência, mas o vinho, decerto, vai ser uma porcaria.

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