quinta-feira, março 10

Quintas-feiras são assim.

Saí de casa cedo e minha filha, de quatro anos, que eu levava para a escola, passou o caminho todo ganindo por um cachorro. Eu não quero um cachorro.
Depois, subindo a 9 de julho, com a lentidão de um caminhão que ia na frente, caindo aos pedaços, tive tempo de acompanhar um gordinho que derretia em cima de uma bicicleta fininha, ameaçando empalá-lo. Certos gordinhos não têm jeito: suado, vermelho e esbaforido, certamente orgulhoso do exercício, onde apeou o obeso atleta? Na pastelaria do Trevo...
Quase no estacionamento, tive que esperar uma madame que acabava de acertar um pedestre com o seu C3 prateado, cujo retrovisor direito pendia, desfalecido com o choque. O atropelado gemia e manquitolava, enquanto tomava nota da placa do carro. E a madame, certamente apavorada, do meio da rua – e sem sair do C3 - falava ao celular, para um marido, certamente atônito.
Consegui passar de fininho, estacionei e comecei a caminhada até o escritório. No caminho, meia dúzia de policiais civis tentavam enfiar um esfarrapado menino-homem de rua num pequeno Corsa, viatura. A cara de dor e de surpresa do rapaz me tirou a certeza de que esse povo não tem nada a perder. Perto dali, pronta para correr, uma negra, pequena e magra, de rosto cadavérico, gritava esbugalhada, para ninguém, algum protesto ininteligível.
Assim começou hoje. E eu não vou comprar cachorro nenhum.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

vmaos começar do começo, é mais justo

22.6.08  

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