sexta-feira, março 18

Parágrafo segundo.

No espelho, sua cara amarrotada decepcionou. Esperava ver-se como estivera na cama, mas encontrou-se sólida, pálida. Lavou-se e foi à copa. A Celestina, negra de pouco mais de trinta anos, que estava com o casal há cinco e achava que tinha alguma ascendência sobre ela, já tinha preparado o café, comprado pão fresco e dividido alguns papaias que, tirados da geladeira há pouco, suavam sobre uma travessa de metal.
Sentou-se num dos banquinhos, de costas para a mesa. E só para provocar a Céu, pegou um dos pãezinhos frescos da cestinha de vime. A negra largou o pano de prato, com que enxugava as mãos.
- Ô menina folgada! Tu é babá, não é patroa! Sai daí, que eu acordo o dotô Sílvio, e é pra já.
- Deixa de ser besta, mulher. Um pãozinho, eles não vão nem sentir falta. E eu tô com uma fome... Sonhei com homem...
- Não tô interessada nas tuas sacanagens. Come o pão logo e se arruma, que a dona Patrícia já acordou, ouvi o barulho da descarga. Daqui a pouco, vai te chamar pra vestir as crianças.
Comeu o pão, bebendo café com leite, bem doce, num copo de geléia, de vidro grosso. Estava, mesmo, com muita fome. E cansada.

2 Comentários:

Blogger Garcia Rothbard disse...

Bem vindo aos blogs. Boa sorte.

18.3.05  
Blogger mauro disse...

Valeu. Vamos ver se dura.

19.3.05  

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