Stupid Design.
Acreditar em rituais. Isso é o que eu deveria fazer: acreditar em rituais.
Como quando era pequeninho: se Deus existe, meu pai hoje vai chegar mais cedo. Depois: se Deus quiser que eu fique aqui estudando a tabela periódica, vai dar um sinal – o telefone vai tocar (não toca, não toca, não toca...). Mais tarde: se ela gostar de mim, vou passar naquele portão e Deus não vai deixar o cachorro latir.
E se meu pai chegasse mais cedo, eu agradecia a Deus, lá no fundo. E se o telefone tocasse, eu ia atender e acabava esquecendo a tabela periódica, e me sentia culpado de ter desafiado Deus, que avisava de Sua presença pelo telefone, e estudava, até decorar, os malditos pesos atômicos (aliás, todo mundo se pergunta para que raios estudar a tabela periódica, mas ninguém se pergunta porque fazer duas sérias de quinze no supino. É a mesma coisa, caramba! Mas, divago). E se o cachorro não latisse, eu ria até chegar em casa, quase dançando no meio da rua, crente que Deus existia: ela gostava de mim, mesmo...
Isso devia virar religião, mas não virou. O que sobrou foi saudades do meu pai chegando em casa; um certo sentimento de culpa, quando toca o telefone, e uma raiva danada desses cachorros cretinos que se esgoelam no portão, quando eu passo.
Como quando era pequeninho: se Deus existe, meu pai hoje vai chegar mais cedo. Depois: se Deus quiser que eu fique aqui estudando a tabela periódica, vai dar um sinal – o telefone vai tocar (não toca, não toca, não toca...). Mais tarde: se ela gostar de mim, vou passar naquele portão e Deus não vai deixar o cachorro latir.
E se meu pai chegasse mais cedo, eu agradecia a Deus, lá no fundo. E se o telefone tocasse, eu ia atender e acabava esquecendo a tabela periódica, e me sentia culpado de ter desafiado Deus, que avisava de Sua presença pelo telefone, e estudava, até decorar, os malditos pesos atômicos (aliás, todo mundo se pergunta para que raios estudar a tabela periódica, mas ninguém se pergunta porque fazer duas sérias de quinze no supino. É a mesma coisa, caramba! Mas, divago). E se o cachorro não latisse, eu ria até chegar em casa, quase dançando no meio da rua, crente que Deus existia: ela gostava de mim, mesmo...
Isso devia virar religião, mas não virou. O que sobrou foi saudades do meu pai chegando em casa; um certo sentimento de culpa, quando toca o telefone, e uma raiva danada desses cachorros cretinos que se esgoelam no portão, quando eu passo.
3 Comentários:
Que cachorada, hein?
Eu li Tito Lívio pela primeira vez quando tinha uns nove anos -don't ask-, e fiquei fascinado pelos augúrios. Aí, até uns 14, marromenos, eu ficava sempre de olho nessas coisas, pra localizar e interpretar presságios. E, não, o fato de um cachorro triperna passar na calçada oposta não quer dizer que ela gosta de mim, não.
Olá, Laura - você deve ter estudado no Kumon... Pois é, Nobre Jorge, o desgranhudo sempre late. Cássio, pisar nos brancos, OK. Mas não tente fazer isso com outras cores, não. E Filtê, ler Tito Lívio aos onze, per se, já é presságio...
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