quinta-feira, junho 2

The King.

Preciso fazer uma confissão. Li quase tudo do Stephen King.

Li “Carrie”, “Cujo”, “Christine”, “The Shining”, “It”, “Salem’s Lot”, “Night Shift”, “Gerald’s Game” e outros. Muitos, muitos, muitos outros. Juro.

Eu me justificava dizendo que era para manter o inglês up-to-dated – na época eu dava umas aulinhas por aí. Mas era mentira. Lia porque gostava mesmo. Ele conta histórias redondinhas, com começo-meio-e-fim, usa frases com sujeito-verbo-e-predicado, abusa de gíria e de palavrão. E, sobretudo, não passa mensagens. Não tem a síndrome de Esopo, que assola os best-sellers de hojemdia. Conta uma história, e pronto.

Talvez o preconceito com o Mr. King derive dos filminhos bê (e cê), que fizeram com alguns de seus livros: o “It” (“A Coisa”) é horroroso (e o livro é dos melhores, sobretudo para adolescentes e pós); o “Christine” não passa mais nem na Record; o “Silver Bullet” é um lixo (o livro também não e grande coisa), e por aí vai.

Mas os filmes, todo mundo sabe, são sempre inferiores aos livros. E alguns dos livros são tão bons, mas tão bons, que os filmes ficaram ótimos – e ninguém fala que vêm do Mr. King.

“The Shawshank Redemption”, por exemplo (que aqui foi batizado “Um Sonho de Liberdade”, Deus sabe por quê). O filme é ótimo, mas é menor que o livro. E só se fala no desempenho do Tim Robbins e do Morgan Freeman.

Outro: “The Green Mile” (aqui, “À Espera de um Milagre”, explique se puder). O livro é quase um roteiro, de tão preciso. E quem leva crédito é o Tom Hanks. Aí eu digo – "Mas o livro é do Stephen King!". “Jura?!”, dizem. “Pensei que ele só escrevesse terror...”

Mais um: “Misery” (“Louca Obsessão”, tradução que esclarece a doença de quem a fez). É um thriller duro, de deixar sentado na beira da poltrona. Já o livro, não deixa você dormir, por uns três dias. Mas só se fala no desempenho do James Caan e da Cathy Bates (que, por sinal, é bom mesmo).

E tem “Apt Pupil” (“O Aprendiz” – ufa!). Livro e filmes medianos, que têm aparência de politicamente corretos, mas vão um bocadinho além. Só se fala da performance do frutuoso Ian Mckellen; nada de dizer que o livro é do Mr. King.

O “Stand By me” (“Conta Comigo”), que deu fama ao River Phoenix (e, porque não, ao Rob Reiner), também é baseado no livro do Mr. King, muito melhor. Alguém diz, alguém diz? Não.

Até o Governador da Califórnia já fez o “The Running Man” (“O Sobrevivente”), antecipando os reality shows, que certamente ainda virão, onde o prêmio é continuar vivo...

Mesmo a “Carrie, a Estranha” – que cometeu o pecado de mostrar ao mundo a Sissy Spacek; mesmo “O Iluminado” – que também atentou contra o cinema, por dar cartaz ao Jack Nicholson e ao Stanley Kubrick; mesmo o “Secret Window” – que traz a improvável parceria Depp-Turturro, são raramente creditados ao Stephen King.

E todos esses filmes são, pelo menos, passáveis. Logo, os livros são, necessariamente, mais que passáveis!

E até em áudio tem coisa muito boa: ouçam o “The Mist”, gravado em 3D-Audio. Genuíno, bacaninha, diferente. E creepy, very-very creepy.

Enfim, confesso: li quase tudo do Stephen King. E gostei.

10 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

meu deus, vou ter que ler tudo. e assistir alguns de novo. God, vc me exaure.

2.6.05  
Anonymous Anônimo disse...

Sim, sim! Escrevi sobre ele há tempos, defendendo a qualidade dos livros e tal. Clica aí no meu nome, ou seja lá onde for que aparece o link nesses comentários do Blogspot.

2.6.05  
Blogger mauro disse...

Ah, putz, Marcaurélio, bateu.

Há milênios, quando fazia Faculdadeletra, era constantemente achincalhado por falar bem do Mr. King.

Só não cometi o sacrilégio de ler tradução - já pelos títulos, doíam na alma...

(PS.: Bom ver blogueiro forte passando por aqui. Leio muito o JMC. Considere estendido o tapete vermelho. E volte quando quiser).

2.6.05  
Anonymous Anônimo disse...

Olá! Parece muito bom, só de não passar mensagens já é ótimo... esse eu vou esperar e ler no original em breve!

2.6.05  
Blogger Jorge Nobre disse...

Li "Carrie". Horrível. A história tem muitos cliches, esse negócio de monstro que no fundo é uma vítima (no caso, familiar) não me agrada em nada e para arremetar o horrendo mau gosto envolvendo a menstruação das duas garotas... Horrível.

Além do mais a história enrola muito antes de chegar ao massacre.

Pode até ser que o problema tenha sido a tradução, mas não acredito.

2.6.05  
Blogger Jorge Nobre disse...

Faltou "do sistema" aí em cima, depois de "uma vitima"... Bom, se dê para corrigir, agradeço.

2.6.05  
Blogger mauro disse...

Falaí, Jorgê. Eu linquei-te, sem avisar. Se crossed the line, avise, que tiro.

A Carrie é ruinzinha. Mas é literatua adolescente. Um "Dólar Furado", feminino e infantil.

Mas o mais nojento, mesmo é o filme...

O Shawshank Redemption, se você quiser dar a ele outra chance, é 1000 vezes melhor.

Abraços,

MC

3.6.05  
Anonymous Anônimo disse...

E eu gosto do Tom Clancy.

10.6.05  
Blogger mauro disse...

Well, anônimo, it also happens in the best families.

13.6.05  
Anonymous Anônimo disse...

Ok, confesso que li/leio Grisham...


Please tell me, is it a sin???

6.8.05  

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